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sábado, 31 de julho de 2010

A Morte dos Imortais


Meu pai era muito alto, um dos homens mais altos que eu já tinha visto, além de ter sido incrivelmente musculoso. Minha mãe era a pessoa mais sábia que eu já havia conhecido. Era muito mais inteligente que qualquer professora. Meu pai deixou de ser tão alto; minha mãe passou a não ter mais todas as respostas.

Num domingo qualquer, diante da tela de uma televisão ligada, conheci o cara mais esperto da minha vida. Suas roupas, seu cabelo, suas ideias eram as coisas mais surpreendentes que eu já tinha visto. Seus clichês virarariam clichês de toda a sociedade. Meses depois, o seu jeitão tornou-se cafona, sua ideologia era individualista, mas não somente por isso, era ridícula.

Nos encontros semanais de um grupo religioso, conheci a pessoa mais extraordinária de todas. Todas as palavras dela eram sábias e tornar-se-iam verdades. Deus tinha se tornado mais Deus. O futuro seria cheio de luz, de fé e de esperança. De repente, sem nenhuma explicação, o mundo voltou a ser como era antes. Deus voltou a ser o mesmo Deus de antes. A luminosidade, a fé e a esperança voltaram a ser coisas difíceis de se entender. E aquela moça de palavras sensatas tornou-se apenas mais uma crente cheia de expectativas.

Na faculdade, conheci, por meio de seus livros, o homem mais inteligente do mundo. Eu seria idêntica a ele. Meu trabalho seria completamente igual ao dele. Tempos depois, já o tendo conhecido pessoalmente, ele continuava sendo incrível, mas não tanto assim. Eu não seria idêntica a ele tampouco meu trabalho seria completamente igual ao dele. Ele virou uma grande referência para mim, mas tinha deixado de ser o meu manual de regras.

Meus heróis não eram mais os mesmos. Eu não era mais a mesma.

2 comentários:

Fernnada disse...

Isso também se chama crescer, não sei se concorda?
Gostei do texto =)

Débora disse...

Certamente que concordo.

Obrigada pela visita!

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